sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Pacote de viagens - comprar um ou não?




Se você acha que planejar e criar um roteiro de viagem é chato e trabalhoso, e quer o mínimo de preocupação com isso, as agências de turismo possuem várias opções de pacote, com locais e hotéis já definidos, para conhecer praticamente o Japão inteiro em duas semanas ou até menos. Você ainda tem a segurança de uma empresa que organizou viagens iguais por muitas vezes e as chances de algo dar errado são bem menores. Para os turistas comuns, é a melhor maneira de passear pelo Japão.

Mas não para mim. 

1 - ) Os preços são altos, já que os hotéis são escolhidos pelas agências e por isso são caros. Também há a margem de lucro da agência. Além disso, há guias (que obviamente não são grátis) acompanhando praticamente o tempo todo e são cobrados preços de translado para locais que talvez você nem quisesse ir. Vi pacotes em que pelo preço de um de 10 dias, é possível passar o dobro de dias sem um.

2 - ) Temos que obedecer o tempo determinado pela agência. Se ela determinou X horas em um local, não dá para você ficar mais tempo caso tenha gostado bastante do lugar, e não dá para ir embora mais cedo caso não tenha gostado. E com ela organizando tudo, você pode se sentir perdido nos dias livres, em que você decide o que quer fazer.

3 - ) As pessoas que fecharam o mesmo pacote que você o acompanharão pela viagem inteira. Se você cair com um casal mala, uma família escandalosa, ou um bebê que não para de chorar, vai ter que aguentá-los por toda a viagem. Se o pacote de viagem faz o seu grupo viajar junto de um lado para outro, a presença de companheiros tão agradáveis pode te irritar em pouco tempo.

4 - ) E, o principal, esses pacotes nos fazem conhecer praticamente o país inteiro em uma ou duas semanas. Lá no primeiro parágrafo eu citei isso como uma vantagem (o que para um turista comum é), mas para mim é uma desvantagem. Os pacotes não levam em consideração os interesses de uma única pessoa, então colocam coisas demais para agradar o maior número de pessoas.

> Nos pacotes eles listam, por exemplo, 10 cidades diferentes para 10 dias. Você se imagina passando um dia em São Paulo, um em Rio de Janeiro, um em Curitiba, um em Bonito, um em Salvador, e um em Natal? Mesmo desconsiderando a distância entre os locais, colocar várias cidades em tão pouco tempo cheira mais a maratona do que a viagem. Do que gastar tempo indo de um lado para outro e vendo uma coisa ou outra de cada cidade, não é melhor diminuir o número de cidades e aproveitá-las mais?

> Eu prefiro determinar os lugares que mais tenho interesse e me focar neles. Nesta viagem, por exemplo, me foquei em Tóquio, Quioto e Osaka, com viagens rápidas apenas para Nara e Nikko. Cinco cidades em vinte dias me parece mais confortável do que dez cidades em dez dias. E ainda assim temo que não verei tudo o que as cidades que visitarei têm para oferecer.


Por essas razões escolhi planejar minha própria viagem. Com a Internet, com vários sites para pesquisa de destinos, fóruns para tirar dúvidas com pessoas que são acostumadas a viajar, e facilidade de pesquisar preços e disponibilidade de hotéis e passagens (além de sites específicos para avaliar a qualidade destes hotéis e companhias aéreas), está mais fácil do que nunca programar por si mesmo a sua viagem.

Mas é claro, planejar sua própria viagem também tem várias desvantagens.

1 - ) Mesmo com as facilidades pela Internet que citei acima, ainda há chances de você cometer erros. Uma única reserva de um hotel feito em uma data errada pode ser uma bela dor de cabeça. Decidir passeios sem prestar atenção nos dias em que os lugares estão fechados podem te fazer dar de cara com a porta.

2 - ) Todos os problemas que surgirem terão que ser resolvidos por você. Por uma agência, eles têm a obrigação de resolver tudo, o que é um luxo que você não tem ao planejar a viagem sozinho. Se um hotel te disser que não há uma reserva no seu nome, é você que terá que tentar resolver a situação ou procurar outro hotel.

3 - ) Planejar uma viagem leva muito tempo e pesquisa. São tantas variáveis a serem consideradas, como acomodação, transporte, alimentação, horários de funcionamento... Não consegui encontrar um guia de viagem com uma lista de lugares que um nerd poderia gostar de visitar, então tive que ir caçando os lugares e encaixando nos dias, o que me tomou literalmente meses de pesquisa. Toda vez que achava que tinha tudo certo, descobria um novo lugar e mudava meu roteiro.

4 - ) Dependendo do país a ser visitado, as agências de turismo podem conseguir descontos e valores mais baixos, algumas vezes tornando o preço total menor que uma viagem planejada por si próprio. Infelizmente, pelas minhas pesquisas o Japão não parece estar neste caso. Os preços que encontrei por pacotes eram maiores do que calculei que vou gastar ficando lá o dobro de dias.


Resumindo...

Devo escolher um pacote de viagens se:
- Prefiro a segurança de uma agência de viagens, e a tranquilidade de saber que qualquer problema eles resolverão;
- Pesquisei os valores e vi que um pacote tem um custo atrativo;
- Não possuo interesses específicos e não me importo de ver pouca coisa de cada lugar;
- O pacote lista vários lugares que quero visitar, e não há (ou há poucos) lugares ausentes que gostaria de visitar;
- Não quero passar dias (ou meses) montando o roteiro de viagem.

Devo escolher planejar minha própria viagem se:
- Gosto de pesquisar bastante sobre o lugar que quero visitar;
- Tenho paciência de fazer um roteiro e mudar quantas vezes forem necessárias;
- Há vários lugares que quero visitar e não estão presentes em nenhum pacote;
- Entendo que tenho que tomar cuidado redobrado para não cometer erros de planejamento;
- Entendo que quaisquer problemas que surgirem, eu terei que resolver.

Então é isso. Espero que eu tenha conseguido te ajudar a decidir se vai escolher um pacote de viagens, ou se vai planejar uma viagem por conta própria. Eu decidi planejar minha viagem, mas se essa foi uma decisão inteligente, só poderei dizer depois que eu voltar da viagem.